LCD SOUNDSYSTEM - THIS IS HAPPENING

Para a anunciada despedida, James Murphy não fez a coisa por menos: deixa para trás a sua NY e muda-se para uma mansão com piscina e uma bela vista sobre LA, veste de integralmente de branco, divulga pequenos clips caseiros durante o processo de gravação do disco, satisfazendo a curiosidade dos fãs mais devotos. This Is Happening é, na linha de Sound Of Silver, um disco mais sentimental que a estreia mas desta vez as coisas passam-se de maneira diferente.
Dance Yrself Clean abre o disco em registo spoken-word desencantado até que entra um sintetizador gingão e uma bateria forte, a voz de James Murphy ganha uns decibéis, pega-nos pelos colarinhos e arrasta-os até à pista de dança, que choraminguices e lamentos não são para aqui chamados. Drunk Girls é o óbvio single electro-rock (e um dos momentos menos inspirados do disco) mas logo chega a arrebatadora One Touch, espécie de Get Innocuous parte 2. All I Want tem algo de Heroes e I Can Change bebe na grande fonte de inspiração que é o synth-pop. Murphy segue questionando a sua capacidade e (não) disposição para fazer hits (indirecta à EMI?) - don't worry James, we love your hits! - antes daquele que é mais um dos pontos altos do disco. Falo de Pow Pow, que encaixaria como uma luva no disco de estreia dos Nova-Iorquinos. Daqui até ao fim restam duas faixas, que nos deixam um misto de sensações. Se Somedoby's Calling Me é solene (há quem lhe chame chata) com um piano constante ao longo dos seus sete minutos, Home fecha com chave de ouro. Se esta for a última música do último álbum dos LCD Soundsystem, então estou reconfortado. E arrepiado. Do mal, o menos...
Se a estreia homónima surpreendeu e fez escola e Sound Of Silver ajudou a definir (e foi considerado por... cof cof... mim, como o melhor disco da década passada), este último (? - haja esperança) capítulo não podia ser uma melhor despedida.
James Murphy não está confortável neste papel de herói aclamado em que acabou implicado, ele que sempre foi uma espécie de anti-herói, anti-estrela, anti-modinhas. Questiona o que é ou não cool, estranha que ele próprio seja um exemplo de coolness. Este filme já não é o seu.

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Até Julho, mestre!

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